Sou eu? Sou ela?

Eu gostaria de ser mais como a minha pessoa interior. Eu queria ser cem por cento como ela. Queria não ligar pra matemática da vida e passar o dia pensando em estratégias boas pra fugir da rotina. Dar uma bela faxina naqueles corredores em que só as mágoas ficam. Limpar o chão, limpar as paredes do coração e ainda deixar o sorriso e os olhos brilhando. Queria desfrutar da paz que ela sente e ter a calma que ela tem. A confiança que ela possui é fora de série, mas também é algo à parte e não consigo desfrutar. Ela é daquelas que age e ponto final, não sente ansiedade, não espera pelo que pode vir como consequência. Dá os próprios passos e fim de papo. Ela leva a vida e deixa que o fluxo da vida a leve também. Anda sem medo do que pensem dela, eu já ando acanhada por medo de me atrapalhar com o que estiver pelo caminho. Ela não se preocupa com o caminho. Eu finjo não me importar, ela diz o que deve dizer. Ela faz o que deve fazer, nem parece que sou eu. Cansativa essa dupla personalidade involuntária. Cansativa ter outra habitando o que é meu.

Nota sobre mim, sobre ela, sobre o que sou.